Depois de um longo hiato, estou de volta. Confesso que rascunhei muitas palavras, pois me falta clima para falar de qualquer assunto; são muitas tristezas acontecendo pelo mundo. Tragédias e eventos extremos, como este que arrasa o Rio Grande do Sul e o longo período de pandemia, por exemplo, escancaram ainda mais a nossa distância. Foi num dia de desconexão da internet que fiquei sabendo, pela minha sogra francesa, do recente ocorrido no nosso país. Eu não me sinto daqui e nem mais de lá.
Desde que finquei bandeira na França, a culpa me acompanha. Minha mãe está se aposentando e eu não estou lá. Meu cachorro idoso passou por algumas cirurgias, e eu não estou lá. Amigas tendo bebês, e eu não estou lá. A vida que eu tinha lá seguiu viva, só eu que não estou mais lá. E no fim, se eu vivesse lá, lamentaria por toda a vida não vivida aqui.
Escolhas são sempre perdas, dependendo de como as encaramos.
Ao mesmo tempo, vivo com o peso da dívida. A mesma vida que é muito generosa comigo, é brutal para muitos outros. Pergunto-me como seguir vivendo as pequenezas da minha vidinha, escrevendo meus textinhos no meu bloguezinho, enquanto o outro perdeu seu lar ou está sobrevivendo a uma guerra. Em tudo falta sentido.
Quantos frutos a apatia dá? Nenhum - convenço-me.
Enquanto o mundo desaba lá fora, aqui dentro, no meu mundinho, a coisa mais preciosa é meu novo projeto de criação, que está sendo construído palavra por palavra e me trará mais conexão com a vida que escolhi.
Quando criança, jamais sonhei em ser escritora; tornar-me criadora de conteúdo aconteceu por um feliz acaso. A escrita surgiu na minha vida como ferramenta para o trabalho que eu construí e passou a ser a minha maior forma de expressão. A melhor maneira que encontrei para organizar os pensamentos e encarar de frente sentimentos. Eu escrevo até me entender.
Criar um novo projeto tem sido um respiro no meio de tanta tristeza. Pensar em linhas editoriais e tudo o que quero colocar no mundo é o que me motiva a sair da cama pela manhã. Esse é um espaço sagrado para mim, lugar de plantio, lugar fértil, a minha busca pela beleza, verdade e (alguma) serenidade.
Passei a me sentir um pouco artista. Ou somos todos? Como se a arte encontrasse seus próprios caminhos para ser materializada no mundo.
Uma notícia e um convite.
Já são seis anos criando conteúdo para quem está, em sua maioria, do outro lado do oceano. seis anos pensando em outro fuso e fazendo conversão monetária. Seis anos pensando: “como se dariam minhas relações de trabalho se eu fosse daqui?” ou ainda: “como teria se desenvolvido o meu trabalho se eu nunca tivesse saído do Brasil?”. Seis anos lidando com burocracias empresariais internacionais. Seis anos que meus novos amigos não conseguem consumir meu conteúdo e entender direito o que eu faço. Já compartilhei em diversos momentos que viver aqui e trabalhar “no Brasil” é um ponto sensível para mim; tanto financeiro quanto emocional.
Resolvi dar um salto - talvez maior que minhas pernas - no desconhecido e colocar no mundo vontades muito antigas, que antes não eram autorizadas - por mim mesma!
Convido você a conhecer meu novo projeto, aqui na mesma plataforma. Um espaço onde vou compartilhar os meus bastidores de criadora de conteúdo, a forma como trabalho, o que estudo e minha visão de mundo. Vai ter muito mais de mim e do que eu faço no dia a dia. Em inglês, para que eu possa me conectar com quem está do meu lado do oceano.
Como vai funcionar: durante as próximas semanas os conteúdos serão dobrados, uma versão em português aqui e uma versão em inglês no Tactics, para dar tempo de avisar o maior número de pessoas. Até a hora em que estarei somente no Tactics e não publicarei mais aqui. Sei que ler eminglês é privilégio de poucos no Brasil e que perderei muitos leitores com essa escolha, mas espero que me compreenda. Como disse acima, uma escolha vem obrigatoriamente acompanhada de uma perda. Todos os conteúdos do Táti.cas de bem viver seguirão online no blog para quem quiser rever todas as edições.
Bisous,
Tati.
Uma garantia da “amiga que teve bebê”: você está longe mas nunca ausente! Feliz demais com seu novo projeto amiga, te amo e estarei te lendo na língua que você escolher ❤️
Que haja sempre muuuuuito espaço para a arte e para toda e qualquer versão de si que você decida fazer caber,