Quando nos comparamos com o outro.
Moro na França há quase cinco anos e ainda não sou fluente no idioma. Racionalmente, sei que tenho capacidade para ter adquirido fluência nos dois primeiros anos aqui, mas nunca me empenhei para isso. Irracionalmente, não pude deixar de me comparar com uma criadora de conteúdo, também estrangeira, que mora em Paris e cria conteúdos em inglês. Quando ela falava qualquer coisa em francês nos stories, eu morria (e ainda morro) de amores por sua pronúncia.
Ela, que mora em Paris há mais tempo que eu e fala com franceses diariamente. Sem o menor autocuidado, eu vim, pelos últimos tempos, comparando A (o meu nível do idioma) com B (o nível dela). E aí, eu a vi numa live conversando somente em francês e, para a minha surpresa, o nível de fluência dela era o mesmo que o meu! Eu só a havia visto falando frases curtas e palavras soltas em francês, nunca a havia visto numa longa conversa. Senti-me melhor com o meu nível intermediário de francês, que já há algum tempo permite que eu me vire quando estou sozinha.
Quando nos comparamos conosco.
Antes de iniciar os envios da minha newsletter semanal aqui pelo Substack, revisei todos os textos enviados nos anos anteriores através de outra ferramenta. Encontrei, nesse processo de seleção e revisão, diversos erros gramaticais e de organização lógica da apresentação dos temas. Eu, que passo a maior parte do tempo olhando para minhas atuais falhas e o quanto preciso melhorar, tive o meu nítido progresso esbugalhado bem na minha cara!
Moral da história:
Quando eu me comparo com o outro, sou injusta, pois eu não conheço seus bastidores, seu ponto de partida, privilégios e dificuldades. Quando eu me comparo comigo mesma, posso avaliar qualitativamente o meu processo em relação ao que é importante e interessante exclusivamente a mim.
Um tabefe que me doeu e arremata os dois causos acima: “O que você tem de tão especial, que não pode falhar?”
Trecho da fala da Jéssica Petit, Socióloga política e filósofa:
“Por que você não pode fracassar? O que é que você tem de tão especial, para não poder fracassar? O apego que temos ao ideal de Eu perfeito, bom, puro, genuíno, não pode ser ferido nunca. E quando ele é ferido, a pessoa vai para uma posição de vítima, infantilizada, onde ela vai responsabilizar o outro por aquilo que lhe aconteceu, porque ela é incapaz de se responsabilizar pelo próprio fracasso.”
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Faça um bom fim de semana!
Que mensagem necessária! Obrigada pela partilha.
Ahhh, obrigada por esse tapa gentil. Estava precisando tbm por aqui ahahah