Patrocinada pela terapia, tive uma epifania (olha, rimou!): eu não gosto de viver para o trabalho. Simples assim! Afinal de contas, a maior parte das pessoas - grupo no qual me incluo - trabalha, pois tem necessidades básicas a atender e não podem contar com a inexistente herança de família. Como uma workaholic em recuperação, vejo que foi nutrida em mim uma ilusão de que sofro daquele mal das pessoas que amam demais. Como se a culpa fosse inteiramente minha e não do sistema! O trabalho, para mim, se tornou sinônimo de peso.
Eu amo e me orgulho dos resultados dos projetos que eu mesma crio e que pagam as minhas contas. Agora sim, com este esclarecimento, para que você não me entenda mal, venho te contar sobre o meu divórcio.
Após muito sofrimento e 5 anos de tentativas, altos, baixos e mais baixos ainda, eu entendi que, para mim, não há outra alternativa a não ser o divórcio. Dividir-me para somar.
Orientada pelos maiores gurus do marketing digital, me vendi como parte do produto, pois humanização gera conexão e conexão gera venda. Para vender os meus cursos de Ayurveda - que só são tão eficazes devido à minha intensa dedicação e experiência de quase 9 anos de estudo - vendi junto a minha própria rotina, intimidade, pensamentos, inseguranças, momentos de férias (que acabavam nem sendo de descanso) e de lazer.
Não me leve a mal: tudo sempre foi verdadeiro! Verdadeiro até demais e isso se tornou um problema, um peso. Eu era a Tatiane Ayurveda em tempo integral, sem férias, da hora que levantava, à hora de dormir.
Com o episódio do meu burnout em 2021 e a necessidade de me afastar do trabalho, vi que eu era apenas uma pessoa autônoma e que não havia construído um negócio, como achava que tivesse feito.
Se a roda para de girar quando você precisa se ausentar, você não tem um negócio. E está tudo bem! Só que, para mim, isso não é suficiente e nem sustentável no longo prazo.
Quando a gente se divorcia, para muitas pessoas é comum revisitar amizades do passado, já percebeu? E comigo não foi diferente: percebi que estava com uma saudade doida do universo daquela Tatiane, arquiteta e gerente de projetos de varejo, que eu havia sido um dia.
Veja, conheci o Ayurveda e essa medicina se tornou, sem exagero nenhum, a minha salvação. Eu fiquei alucinada com todas as possibilidades e a força, tanto física, quanto mental, que Ayurveda me deu. E logicamente eu quis compartilhar com o mundo a minha experiência.
Com tudo que vivi de lá para cá, vejo que monetizei o meu hobby. E isso pode funcionar dentro de um modelo de negócios lucrativo, mas me vi matando de fome aquela Tatiane profissional, que ama arquitetura, arte, design e pensar em inovação, gestão de projetos e modelos de negócios. Eu (e todo mundo!) pre-ci-so ter hobbies que não sejam o meu ganha-pão.
AyurViva! Os novos ventos que sopram por aqui.
Eu tenho quatro questões a resolver:
Eu não quero mais que a minha vida pessoal se misture, da forma como vinha sendo, com o meu trabalho. Não quero mais me posicionar como “a terapeuta Ayurveda”.
Eu quero continuar levando o Ayurveda a mais e mais pessoas, mas quero fazer outras coisas também.
Eu preciso alimentar a Tatiane arquiteta “do business” que mora dentro de mim.
A Tati “pessoa física” quer compartilhar outros temas, com a semente do Táti.cas de bem viver já plantada - obrigada por estar aqui!
Iniciei, então, o processo de me dividir entre dois projetos: AyurViva! onde o meu papel passa a ser gerencial e de responsabilidade técnica, afinal de contas, eu tenho uma sólida bagagem em transformar o Ayurveda numa medicina simples e acessível para o seu dia a dia e o Táti.cas de bem viver se torna parte da minha marca pessoal.
Para resumir, o AyurViva! é o meu trabalho, uma empresa de conteúdo e ensino de Ayurveda e o Táti.cas, a minha marca pessoal de produção de conteúdo.
Estou aqui compartilhando isso tudo contigo, pois:
Respeito e honro você, que chegou até mim para aprender Ayurveda e encontrou uma humana imperfeita e em crise existencial.
Está tudo bem desapegar das caixinhas nas quais nos colocamos. Elas são importantes, mas quando crescemos para além delas, é melhor deixá-las no passado.
Está tudo bem não viver uma relação passional com o trabalho e levá-lo à base de suor, lágrimas e sangue. O trabalho precisa pagar as contas e além. Se gerar alguma satisfação pessoal no caminho, ótimo! Se não, ainda cumpre o seu propósito de satisfação material.
O trabalho pode ser uma fonte de felicidade e prazer, mas assim como num relacionamento amoroso, a gente precisa já ir feliz de casa (por isso a importância de hobbies e autoconhecimento).
O trabalho não pode ser colocado como a única forma de realização pessoal (como eu sempre fiz até aqui).
O que você acha disso tudo?
Faça um bom fim de semana!
Acho necessário e corajoso se reinventar, o que inclui às vezes, por exemplo com trabalho, construir alguns muros, colocar limites. Vida longa e próspera ao AyurViva e a todo e qualquer plano ou projeto nascido com a pureza do coração.
Que texto lindo, minha amiga! Vamos juntas nessa jornada de descobrir: a nós mesmas, nosso lugar no mundo e o nosso valor, aceitando as sombras inerentes de quem quer revelar sua luz. Amo você ❤️