#93: O pouso da mosca

A mosca entra pela grande janela aberta que deixa entrar a brisa fresca. Ela entra por engano, pois a mosca é livre para voar para onde quiser. O problema da mosca é que, de tão ágil, ela mais se debate entre as paredes do que consegue de fato pousar, observar e assim mirar na saída.

Eu me vejo como a mosca: tão comprometida com o movimento, que não enxergo os generosos e múltiplos caminhos possíveis. Debato-me entre as paredes, fazendo escolhas de vida com alto custo e resultado inversamente proporcional. Aprendi pelo exemplo: vejo como o meu compromisso com o movimento vem de um lugar de necessidade e não de escolha.

Com o tanque de oxigênio já entrando na reserva, convenci-me: preciso parar, tirar o nariz da água e respirar.

The close-up of a fly. make it golden and moody

Após o pico do burnout em 2021, tirei - forçadamente - o primeiro semestre de 2022 para descansar e recuperar a energia emocional perdida. Falhei miseravelmente nesta tarefa e assim confirmei o que eu já sabia: eu simplesmente não sei descansar, pois, neste período, eu:

• Fiz um curso de posicionamento de marca.

• Iniciei uma mentoria de negócios.

• Iniciei uma mentoria de organização para mim e para a empresa.

• Organizei o meu casamento.

Isso tudo nos primeiros cinco meses do ano. E em maio voltei com as atividades no Instagram e logo em seguida a vender cursos. Imagine o quanto de descanso eu tive com todas essas tarefas rodando ao mesmo tempo!

Vejo-me quase tão esgotada quanto em 2021, afinal, eu venho espremendo cada gota de mim desde então.

Resolvi assim fazer um recesso, um mini sabático, mais precisamente. Para valer, agora! Dessa vez, completamente offline: sem mentorias, cursos, pesquisas ou casamento (um só já está bom!). Só descanso, escrita e desenho: quero me reaproximar das 7 artes. Talvez eu apareça no meu Instagram pessoal para compartilhar alguma coisa ou outra. A saudade do universo daquela Tatiane Arquiteta, quem um dia já fui, vem batendo forte.

Quando você se vê no piloto automático da vida e se pergunta: “como eu vim parar aqui?”, o que você faz?

Vejo você na minha volta, seja ela quando for.

Beijos,

Tati